Nossa Terra, Nossa Arte: artesãos capixabas resgatam tradições

Projeto implantado na Região Metropolitana de Vitória (ES) envolve 156 artesãos em oficinas de capacitação, voltadas para a diversificação e o resgate da produção artesanal
Instrumentos e máscaras de Congo – dança folclórica típica do Espírito Santo (ES) –, rendas de bilro, panelas de barro, peças de fibras de bananeira e Taboa: este é o resultado do trabalho de 156 artesãos de 17 grupos da Região Metropolitana de Vitória (ES). Eles participam do projeto Nossa Terra, Nossa Arte, parceria entre o Ministério do Turismo (MTur) e o Movimento Vida Nova Vila Velha (MOVIVE).

“O objetivo da ação é, por meio de oficinas de capacitação, promover o resgate da cultura local e criar roteiros turísticos comunitários, como estratégia de diversificação e inserção da produção artesanal da comunidade no mercado”, ressalta a coordenadora-geral de Projetos de Estruturação do Turismo em Áreas Priorizadas, Kátia Silva.
A artesã Fátima Lourdes Souza, 36 anos, presidente da associação Serra Boa, localizada no município de Serra, conta que o projeto resgatou a autoestima dos artesãos. “Mais que gerar renda, o conhecimento, o contato com outras pessoas e a valorização da produção têm estimulado os artesãos. A gente vê na fisionomia deles a satisfação e a empolgação com o trabalho”, destaca.
A Serra Boa, que hoje reúne 23 artesãos, começou na garagem de uma casa. A associação trabalha com fibra de Taboa. Entre os produtos comercializados estão esteiras, cadeiras, cestas, balaios de roupa, revestimento para sofás, entre outros produtos.
Por meio do Nossa Terra, Nossa Arte, estão sendo oferecidas oficinas de capacitação em Autogestão, Atendimento ao Turista, Informática, Designer em produtos de artesanato e Elaboração de roteiro incluindo a produção artesanal.
A ação envolve grupos de artesãos dos municípios capixabas de Vitória, Vilha Velha, Serra, Cariacica, Guarapari e Viana, que compõem as rotas turísticas do Sol e da Moqueca, Mar e Montanhas e Caminhos do Imigrante.
Segundo a coordenadora do projeto, Luciane Zanol, o intuito é promover a inclusão social por meio do turismo. “Ampliar os benefícios do turismo, não só os econômicos, mas também os sociais e culturais, com a valorização do saber fazer dos artesãos, é nossa ideia”, ressalta Zanol. E, acrescenta, “o legal é ver os artesãos se reconhecerem como parte do processo e não só assistirem à banda passar. Um destino estruturado diversifica a oferta e, assim, aumenta a demanda e a receita gerada pelos turistas que visitam a região”, conclui.
O projeto prevê também a elaboração de um roteiro por município com foco no processo produtivo do artesanato local. E, ainda, criação de site para exposição dos produtos e roteiros formatados e realização de parcerias com operadoras de turismo receptivo da região, para comercialização da produção.

Rendas de bilro, panelas de barro, peças de fibras de bananeira e Taboa
Além do trabalho com fibra de Taboa da Serra Boa, o projeto desenvolve ações com o grupo Rendeiras de Bilro de Meaípe, uma praia do município de Guarapari. A proposta é promover o resgate, a valorização e difusão do saber fazer local por meio da formação de novas rendeiras. Uma vez que, por meio de entrevistas, foi identificado que apenas cinco das 11 rendeiras entrevistadas, com idade média de 60 anos, ainda exercem a atividade. Por meio de parcerias com Colônia de Pesca e a Pousada Solar de Meaípe, a Casa das Rendeiras foi reativada. A ação conta, ainda, com apoio da Samarco Mineração.
Em Cariacica, onde é forte a presença do Congo – manifestação cultural regional –, o grupo da Amufibra desenvolve peças de artesanato fabricado com a fibra da banana. Já no município de Viana, no Ateliê das Mulheres Quilombolas da Costurarte, quem manda é a Banda de Congo. Em Vitória e Viana, as panelas de barro da Associação das Paneleiras de Barro de Goiabeiras representam o artesanato tradicional e de grande valor cultural para o estado.
Esses são alguns dos grupos de artesãos participantes do projeto e selecionados por meio de diagnóstico do artesanato associado com Turismo de Base Comunitária nos municípios. Entre os critérios utilizados na seleção estão: fluxo e potencial turístico das localidades; existência de atividades tradicionais (pesca, agricultura familiar, entre outros); tipo de artesanato, bem como matéria-prima utilizada; proximidade com áreas de proteção ambiental; práticas de economia solidária; organização/grupo, preferencialmente produção coletiva; e vulnerabilidade social.
O Nossa Terra, Nossa Arte está entre os 50 projetos de Turismo de Base Comunitária apoiados pelo MTur, conforme edital 001/2008 de apoio às iniciativas de Turismo de Base Comunitária.
FONTE: Assessoria de Comunicação Social do Ministério do Turismo
Esta entrada foi publicada em Artesanato, Cultura, Espírito Santo, Geral, Nacional, Turismo. ligação permanente.

Deixe um comentário