Soluções para incentivo à inovação são debatidos na X Conferência Anpei

Mais de 800 pessoas participaram de discussões para definir pontos a serem apresentados em encontro do Ministério da Ciência e Tecnologia
As limitações que afetam a inovação na iniciativa privada brasileira e suas possíveis soluções dominaram os debates no segundo dia (27/04) da X Conferência Anpei (Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras), em Curitiba.

Entre os pontos comuns apresentados pelos mediadores das discussões estiveram o incentivo à competitividade, ao intercâmbio de pesquisas e serviços entre os mercados nacional e internacional, à redução da carga tributária e à melhora da infra-estrutura e da educação no país.
A partir dessas apresentações, os mais de 800 participantes da Conferência realizaram uma dinâmica para formular um conjunto de propostas a serem apresentadas na 4ª Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, que será promovida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia em maio próximo. O documento resultante da dinâmica será apresentado amanhã (28), no último dia de evento.
Três especialistas foram convidados para o encontro: o diretor científico da Fapesp (Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo), Carlos Henrique de Britto Cruz; o professor do Instituto de Economia da Unicamp, Carlos Américo Pacheco; e o vice-presidente da FIEP – Federação das Indústrias do Estado do Paraná, Wolney Betiol. A ideia era responder à seguinte pergunta: o que é necessário para o setor privado seja definitivamente o protagonista principal do desenvolvimento sustentável através da inovação?
Britto argumenta que uma das questões centrais é o aumento da acessibilidade do capital de risco. “É necessário simplificá-lo e torná-lo menos burocrático”. Já Pacheco é da opinião de que as políticas brasileiras devem incentivar tanto as pesquisas quanto o potencial competitivo de cada empresa. “As políticas são mais voltadas para a área de projetos que para a competitividade. É necessário que exista uma agenda mais ampla que a de pesquisa e desenvolvimento”.
Opinião semelhante a do consultor da Fundação Araucária, que vai além: “É preciso, também, pensar em uma forma de isenção para as empresas que usam parte dos recursos para inovação. Assim o governo perderia, temporariamente, parte da arrecadação, mas ganharia mais para frente com o aumento de renda e do número de empregados das empresas”.

Empresas apresentam casos reais de inovação
A X Conferência Anpei iniciou as apresentações de casos de sucesso inovadores com três empresas, Dow Brasil, Madeplast e Mahle Metal Leve, que foram selecionadas como os “Cases de Destaque”.
A Mahle apresentou o novo filtro de óleo ecológico para veículos leves, que contribui para a redução da geração e descarte de resíduos, garante o dobro de vida útil do produto e minimiza a utilização de matéria-prima. Segundo o gerente de desenvolvimento de produto da Mahle, Fabio Moreira, a estimativa é que a utilização do filtro permite uma redução, no primeiro ano, de 30% na geração e descarte de resíduos. “A partir do segundo ano, esse percentual cresce para aproximadamente 75%”, diz.
A Madeplast proferiu o trabalho sobre a “Madeira Plástica”, um compósito que substitui a madeira com o reuso de serragem e resíduos descartados. “Nosso objetivo era prover a indústria da construção civil e da arquitetura com produtos à base de madeira plástica, utilizando insumos reciclados e recicláveis, contribuindo para a diminuição do passivo ambiental”, afirmou o superintendente da empresa, Guilherme Bampi.
Por fim, a Dow Brasil mostrou o caso da recuperação da rede de esgoto da Cidade do México, que sofria por problemas ocasionados por ataques químicos severos, erosão e pela estrutura metálica ficar exposta. A solução desenvolvida pela empresa foi a formulação de novo primer epoxi e um topcoat de poliurea. A primeira fase do projeto terminou em abril do ano passado, com a reparação de cerca de 10 km da rede de esgoto.
As demais empresas com cases escolhidos são 3M, Abbici, Biolab Sanus Farmacêutica, Bosch, Braskem, CabSpat, Centro de Inovação Centroflora, C.E.S.A.R, CSEM Brasil, Ciser, Cristália Produtos Químicos, Dedini, Embraco, Exsto Tecnologia, Fia, Fibria Celulose, Fiergs, Fiesp – Ecil Informática, Fosfértil, Grupo AeS, Grupo Light, Indústria de Alimentos El Shadai, Instituto de Pesquisa Eldorado, IPT – EPUSP – Gerdau, Köhler Biodigestores, Molufan Estofados, Movelaria Paranista, Natura, O Boticário, Oi, Oxiteno, Petrobras, Reciprátik, Renault, Rhodia, Senai SC, Serasa Experian, Serpro Curitiba, Sistema Inovação FIEP, Turbigrãos, Universal Indústrias Gerais, Usiminas, WEG e Whirlpool.
Inovação é o maior vetor de sucesso empresarial
A Petrobras foi a empresa do setor de gás e óleo que mais investiu em Pesquisa & Desenvolvimento no ano passado, com US$ 35,1 bilhões. Para este ano, Carlos Tadeu da Costa Fraga, gerente-executivo da Petrobras/Cenpes prevê que o investimento aumente 25% em relação ao ano anterior.
Segundo o executivo, parte desses investimentos está voltada para a área de inovação, além do desenvolvimento de plataformas, dutos e afins. “A inovação é o maior vetor de sucesso empresarial e continuará sendo”, afirma.
A Petrobras é considerada a empresa mais inovadora do seu setor no mundo, de acordo com a edição especial da Fortune – 500 maiores empresas do mundo. São 1.610 colaboradores dedicados ao P&D, entre pesquisadores, engenheiros e técnicos. “Para a construção de uma capacidade instalada de inovação é preciso que haja infraestrutura, investimentos e, principalmente, profissionais especializados”, explicou Fraga.
Outro ponto debatido pelo executivo para o crescimento de uma cultura de P,D&I no País é a construção de laboratórios para testes de projetos desenvolvidos em parceria com universidades/instituições de pesquisas nacionais e empresa.
Fonte: Mecânica de Comunicação
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